Os sete mandamentos para desbastar a pedra bruta
Desde que entrei para a Maçonaria estou sempre a ouvir que temos de desbastar a Pedra Bruta para a transformar em Pedra Polida. Com o passar do tempo, percebi a dificuldade que tive para compreender totalmente este processo, mas decidi empreendê-lo.
Toda a aprendizagem é solitária e individual, mas não tem necessariamente o carácter solitário. Pensei que deveria ter etapas para seguir, um organograma para orientar (Publicado em freemason.pt)meus passos. Percebi que não tinha. A partir daí, reflecti e fiz uma analogia com os 10 mandamentos, quer dizer, fiz um organograma para melhor me orientar no trabalho de desbastar a Pedra Bruta.
Neste organograma fiz 7 etapas:
- Amar a Pedra Bruta
- Honrar a ti mesmo
- Guardar as segundas feiras
- Não desprezar o próximo
- Amar ao Irmão como a ti mesmo
- Não pecar contra o espírito
- Não tomar o nome da Maçonaria em vão.
Amar a pedra bruta
Devemos amar a Pedra Bruta não para a conhecer ao máximo, nem para nos tornarmos o melhor Maçon, mas para que nós nos tornemos melhores como homem, como trabalhador, como pai de família, como cidadão. Amar a Pedra Bruta é conhecer o bem. O que é conhecer o bem? É reavaliar, é conversar sobre bom carácter, honestidade, é ser alegre ser bom pai, ser membro efectivo na família, desempenhar bem no seu trabalho, exigir que faça o melhor. É saber que pode ganhar dinheiro pelo bem e pelo mal e optar pelo bem. É saber que um pai de família poder ser o melhor ou razoável e optar por ser o melhor. Conhecer o bem é o primeiro passo para desbastar a Pedra Bruta. Mas para continuar a desbastar a Pedra Bruta, é necessário amar o bem, praticar o bem, adquirir o hábito de fazer o bem, é inserir o bem em si. As Pedras Brutas que é a matéria-prima da Grande Obra, sou eu, é você, somos nós.
Honrar a ti mesmo
Quando eu tive o privilégio de ser admitido nesta Loja eu renasci, eu recebi a luz, e passei a dedicar com empenho a aprender o ofício que é a Arte Real. Eu simplesmente não só escuto como se usa os utensílios para desbastar a Pedra Bruta, mas eu utilizo esses utensílios como meu próprio guia para me reeducar, tornar melhor como indivíduo, honrando a mim mesmo. Somente através deste exercício permanente, contínuo, exaustivo é que conseguiremos de facto o aprendizado desta nova noção de outro bem que é a Honra. Para (Publicado em freemason.pt)isto tive de admitir que sou um homem livre e de bons costumes, isto quer dizer que tenho o direito e o privilégio de exercitar a liberdade. Exercitar a liberdade é considerar sem prepotência, sem falsa modéstia que sou um ser agraciado. Sou o meu próprio centro. A todo Maçon é dado o direito de adquirir e desenvolver, pela prática, as qualidades humanas; é dado o direito de conquistar novos sentimentos e modificar sentimentos indesejáveis, é dado o direito de disciplinar as paixões para o bem, habituando a sentir, a pensar e agir como homem honroso. Para tudo isto, ninguém, nenhum Maçon necessita ficar sentado por longos anos nas carteiras escolares; mas sim, necessita ter o desejo de fazer o bem e um pouco de boa vontade.
Guardar as segundas-feiras
Assim como a religião católica guarda o domingo e usa este dia para unir os seus devotos e discutir a sua essência como religião utilizando os Rituais como a missa; os Adventistas do 7º dia utilizam o sábado para jejuar e praticar a caridade, os judeus utilizam um dia do ano para obter perdão eu utilizo e utilizarei simbolicamente as segundas-feiras como um dia especial de reflexão, de abastecimento, de aquisição de novos ensinamentos. Simbolicamente, porque todo este processo de desbastar a Pedra Bruta deve ser feito todos os dias, rotineiramente. Para mantermos a boa saúde física, necessitamos seguir certas regras de vida material e regime (desporto, alimentação); também para a boa saúde do espírito, necessitamos de exercícios metódicos, por isso nós temos que guardar as segundas-feiras para mantermos permanente contacto com as ideias que servem de base ao ideal moral e com os sentimentos que são os motores deste ideal. As circunstâncias banais da vida, os interesses cotidianos, as tarefas prendem o homem a limitados horizontes propícios ao egoísmo. Por isto nós temos as segundas-feiras para que de um modo sistemático, o nosso espírito faça uma pausa, para tomarmos contacto com as ideias generosas e reabastecer de energia espiritual. Através das reuniões onde aprenderemos a ouvir e meditar com humildade e lucidez os ensinamentos dos irmãos mais experientes. Vamos utilizar as segundas-feiras para extrair força, riquezas de sentimentos.
Não desprezar o próximo
Nunca crer em possuir uma verdade absoluta e indiscutível; pois é perigoso para si mesmo porque traça limites para o seu espírito; é perigoso para os outros porque se imaginar que é o único que detém a verdade, irritar-se-á ao encontrar no próximo, perante opiniões diferentes, e facilmente desprezará, levando-o à intolerância, à tirania. Vamos pesquisar a verdade com a fé profunda no que ela tem de bem e de belo, mas com a convicção de que o nosso espírito é por demais fraco e pequeno para a possuir de forma absoluta; seria crime querer impô-la ao próximo, só porque pensam de maneira diferente de nós. A verdade nada tem de absoluto, mas na prática, é suficiente para alimentar o nosso pensamento e guiar a nossa vida. O espírito crítico é um instrumento de trabalho, mas o espírito de crítica para com o próximo conduz somente a resultados negativos. O próximo ter uma opinião diferente da minha é para ele um direito absoluto e sagrado. Não basta que toleremos um ao outro, é necessário que cada um de nós respeite, no outro, um reflexo da verdade absoluta que espírito nenhum pode atingir, mas que cada um tem o dever de procurar alcançar com firmeza, da melhor maneira possível. Se eu, na minha nova condição de membro efectivo desta Loja, um ser livre que optei pelo bem, decidi a vivenciar plenamente a Honra é óbvio que o próximo é a minha extensão. Por isto, para amar o próximo é imprescindível que tenha já compreendido e empreendido, que tenha esgotado e desgastado o pré-requisito de Honrar a ti mesmo. Se eu não me honro, como reconheceria a outro?
Amar ao irmão como a ti mesmo
Não basta que os Maçons se tratem reciprocamente como “Irmãos” e proclamem que desejam estender esta fraternidade a toda a Humanidade, para se formar uma só família. A fraternidade manifestada em palavras não faz o menor sentido, se não exprime um estado de espírito. A teoria tem que estar conforme a prática. A fraternidade está no coração e não nos lábios. Vamos afastar de toda querela, discórdia, calúnia, maledicência, cólera, rancor, vamos afastar de tudo quanto possa prejudicar a reciprocidade nos bons relacionamentos com os irmãos. Não vamos só traçar planos, vamos construir o edifício.
Não pecar contra o espírito
Vamos aliviar o espírito dos vícios, desvios, ilusões, escravidão para podermos alcançar a paz, a plenitude, o equilíbrio. Só assim conseguiremos transformar a Pedra Bruta em Pedra Polida. É com a saúde espiritual e moral é que vamos conseguir um corpo sadio e a serenidade.
Não tomar o nome da Maçonaria em vão
Depois de reconhecer, optar, verificar os resultados, constatar o que há atrás da porta é naturalmente uma oportunidade única, singular. Ser Maçon. A Maçonaria é o útero (Publicado em freemason.pt) que protege, acolhe; é o alimento que nutre e faz amadurecer, é o sinalizador para o renascimento. Agradeço a todos os que acreditaram que eu seria uma extensão de vós e através de vós, eu estou aqui. Sem euforia, mas sensibilizado. Obrigado Maçonaria, não tomarei o seu Santo Nome em vão.
Assim a Pedra Bruta ao ser trabalhada adquire Força por se poder encaixar com outras, Beleza pelo seu equilíbrio de formas e Sabedoria porque ao reflectir a luz torna-se ela própria uma forma de Luz transmitida.
Um Maçon não é uma criança obrigada a decorar um catecismo. Um Maçon é um homem livre, um homem instruído, um homem capaz de pesquisar e de encontrar a verdade tal é grande a finalidade da Maçonaria.
Adaptado de autor desconhecido
Um dos símbolos que enfrentamos na nossa iniciação na Maçonaria é uma figura que para muitos passa despercebida no decorrer da cerimónia e é a de um “Galo” na câmara de reflexões.
Quem passa em Hill Street junto à porta nº 19, não deixa de reparar no invulgar do seu aspecto, desde as colunas jónicas laterais até um misterioso emblema gravado por cima da entrada, que tem sido motivo das mais desencontradas leituras por aqueles que desconhecem estar diante da Mary’s Chapel nº 1 de Edimburgo, a mais antiga Loja Maçónica activa do Mundo.
Sexta-feira, 4 de Junho, 23:30. Terminava a cerimónia pela qual eu havia esperado durante muitos anos da minha vida. Dali para a frente muita coisa mudaria na minha forma de ver o mundo e de participar dele.
Existem dois dogmas considerados gravados na pedra, em Maçonaria: A crença no Grande Arquitecto do Universo e a Imortalidade da alma; nenhum candidato a pertencer a Ordem poderá ser admitido se não responder afirmativamente à crença nestes dois pré-requisitos.