MAÇONARIA ETERNO APRENDIZ

Ser ou estar M.'., não é apenas ter o conhecimento de sinais, toques e palavras. É muito mais que isto. É poder aplicar o seu conhecimento em busca da verdade que nós leva, sermos melhores a cada dia. É entendermos e aplicarmos os propósitos maçônicos, seus valores morais e éticos. É sabermos de como melhor servirmos ao próximo. QUE O DEUS DE SEU CORAÇÃO LHES CONCEDA LUZ, SABEDORIA E PROSPERIDADE. A TODOS PAZ PROFUNDA .'.
EM P,', e a O.'.
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Obs: para julgar é preciso primeiramente conhecer. Somos todos Irmãos .'.







terça-feira, 21 de maio de 2019

Conhecer é preciso .'. tfa a todos .'.

Doutrina do grau de Aprendiz e de Companheiro

Em linhas gerais, a escalada iniciática do simbolismo maçónico é inerente aos seus três graus. A sua constituição dá-se pela “intuição (Aprendiz), análise (Companheiro) e síntese (Mestre)”.
Para tanto, cabe entender que a estrutura doutrinária maçónica, despida das fantasias e das ilações temerárias, respeitando ainda a metodologia e a cultura de cada um dos seus ritos, especificamente sugere ao homem iniciado as três etapas que compreendem a alegoria da vida – infância, juventude e maturidade.
Nesta acepção, o admitido na Maçonaria tem que se despir das nodoas profanas, o que em primeira análise significa deixar dos costumes temerários morrendo para os vícios e para as praticas condenáveis para que, na ordem natural das coisas, haja de facto o renascer de um novo homem. A síntese iniciática desse teatro é o mesmo que o despertar numa infância que traz consigo a índole pura e inocente. É o apólogo dos primeiros anos de uma nova vida. Compreenda-se que simbolicamente o Iniciado morre (Inverno) para renascer (Primavera).
Em Maçonaria, é isto que o iniciado tem por missão de representar na sua primeira fase da aprendizagem. Assim, o Aprendiz Maçon, dado ao seu carácter de pouco conhecimento diante dessa nova realidade, deve antes, com a devida prudência, preparar-se para encontrar o verdadeiro caminho da rectidão. Embora ele ainda siga caminhando por lugares sombrios, se bem compreendida a Arte, a sua intuição levá-lo-á ao seu guia (a razão) para que com perseverança um dia ele alcance o seu objectivo.
Mas qual será esse objectivo? Se utilizando as ferramentas certas, é o de se aprimorar reconstruindo no seu interior um Templo para servir de abrigo da Luz.
Filosoficamente essa primeira etapa, comum pelo desconhecido à frente, traz ao Iniciado a consolidação da dúvida e ele, ainda de visão embotada pelo desconhecido processo do esclarecimento, tenta enxergar por entre os devaneios e as tribulações aquilo que lhe é salutar.
O Aprendiz, digno representante da infância iniciática, utilizando-se da faculdade intuitiva, ainda tacteando pela escuridão, busca conhecimento imediato na plenitude da sua realidade. Entretanto, o pressentimento para as coisas correctas e saudáveis, paulatinamente o irão fazer perceber a importância de se conhecer a si próprio. Assim, a máxima socrática do “conhece-te a ti mesmo” surge como matéria principal da doutrina do grau do Aprendiz maçónico.
Cumprida a primeira etapa da senda iniciática, agora como Companheiro Maçon o admitido percorre a sinuosidade do caminho (Escada em Caracol), o que significa em primeira análise vencer os obstáculos da vida com sacrifício, dedicação e perseverança. É chegado o tempo de sopesar o que concebe o bem e o mal. Da dúvida, simbolizada pelo princípio da dualidade e dos antagónicos do Aprendiz, o Companheiro agora segue o estudo mais completo da essência da Vida. É essa a missão daquele que atinge o Segundo Grau na senda do aperfeiçoamento da Maçonaria.
Com a pragmática da juventude, da acção e do trabalho, toda a produção desse ciclo da vida deve interagir com a aplicação do seu conhecimento até aqui adquirido (método).
A evolução intelectual desvenda mistérios, mas exige a aplicação de mais outras ferramentas. Somente a prática e a dedicação ao trabalho trarão conhecimento suficiente para se usufruir das benesses dos utensílios, novos e apropriados. Cabe então ao Companheiro do Ofício perscrutar o porquê de se utilizar outras ferramentas além do Maço e do Cinzel. O seu discernimento, zelo e prudência fará com que o artífice do Segundo Grau golpeie cautelosamente a pedra esquadrejada durante o seu assentamento. A justa medida da sua força fará com que o golpe aplicado com o maço não esfacele a pedra (conhecimento e comedimento). O Maço, o Cinzel e o Aprendiz denotam a etapa dos conhecimentos das coisas terrenas, já o Companheiro aplicando outras ferramentas anuncia a investigação das coisas elevadas (astrais e espirituais).
Do estudo profundo das regras da Arte da Construção depende a realização humana. Examinar com minúcia o trabalho é também o esquadrinhar do caminho da vida. É a intenção; é o objectivo de tudo que até então tenha se apresentado na técnica de dirigir e orientar a construção do Templo interior.
Em linhas gerais, o Companheiro, depois de ter, ainda como Aprendiz, conhecido a si próprio, tem agora o desiderato de apreciar e examinar a razão e o porquê do seu próprio ser. A contingência de analisar as suas acções e delas perscrutar as suas consequências é um os motes da doutrina do Companheiro Maçon. Assim, a juventude é propícia para uma análise mais sucinta da Obra da Vida. Estudar a quintessência e investigar a leis da Natureza é o suporte para a elevação da Obra.
Por fim, a síntese de toda a escalada iniciática está representada no grau de Mestre Maçon. Na realidade o epítome é o resultado final da Arte. É a beleza da Obra acabada. É o Templo preparado para que nele se concentrem todos os segredos do Ofício. Tal é o seu mistério que essa não é matéria apropriada para esse arrazoado.
De tudo aqui comentado, nada é mais do que uma síntese dessa alegoria iniciática. A doutrina do Aprendiz e do Companheiro Maçon discretamente se encontra nos meandros da liturgia dos rituais autênticos e as suas prelecções (instruções). Além do que lhes é revelado, cabe também aos iniciados dedicação e observação meticulosa no desvendar dessa filosofia. Por óbvio, a Moderna Maçonaria mantém um método velado por símbolos e alegorias dos quais, boa parte desse relicário fora herdada das tradições, usos e costumes dos nossos ancestrais, antigos artífices e canteiros que esquadrejavam a pedra calcária e que viviam reunidos nas guildas que abrigavam as corporações de ofício da Idade Média.
Assim, o arcabouço doutrinário montado pela Moderna Maçonaria traz embasado nas antigas construções das catedrais um suporte metodológico que compara o homem, bruto e áspero tal qual a pedra retirada da jazida (matéria prima) com o homem esquadrejado e polido que pela constância e dedicação ao trabalho se tornou matéria prima especulativa imprescindível para fazer parte como elemento construtivo das paredes de um Templo dedicado à Virtude Universal.
É neste contexto de transformação que actuam as doutrinas de cada grau do simbolismo maçónico.
Como a discrição é um dos métodos da Arte, comenta-se que na construção do lendário Templo de Jerusalém (o primeiro), tido como a maior alegoria maçónica, não se ouvia nenhum ruído durante os trabalhos.
Com este propósito a Moderna Maçonaria traz de modo velado os seus ensinamentos, cujos quais são reservados somente aos iniciados. Sem tumulto e sem ruído, as grandes verdades muitas vezes estão tão próximas que não raras vezes podem passar despercebidas. Nada está colocado por acaso, porém tudo o que está colocado é inexoravelmente necessário. Intuir, analisar e sintetizar é o conjunto que serve de base para os ensinamentos maçónicos.
Concluindo, superficialmente a doutrina está em ensinar ao Iniciado que, com a utilização das ferramentas simbólicas, ele pode ser tornar um novo homem, aprimorado e preparado, para ser útil à sociedade. Especulativamente, é o transformar a pedra bruta e tosca num elemento aproveitável na construção – a Loja (Oficina) é o canteiro e o Homem, a matéria prima.
Adaptado de texto publicado por Pedro Juk

O AVENTAL .'.

O avental é branco

Avental de Aprendiz Maçon
Como elemento material, os aventais têm como função primordial proteger o trabalhador. Esta protecção faz-se contra cortes, perfurações, queimaduras e também  sujidades. Com o mesmo propósito, ou seja, protecção, nós Maçons Especulativos só podemos entrar ao Templo, devidamente paramentados.
O primeiro desvio dá-se pela deturpação do acto. Quando, por exemplo, um soldado coloca a farda, o capacete, o cinturão, as botas, ele não se está a enfeitar, está a vestir-se adequadamente para o combate.
Paramentar-se não é adornar-se; é compor-se de forma adequada.
O avental é um elemento simbólico que nos protege das arestas, das pedras brutas e também das lascas que retiramos ou presenciamos na transformação para a pedra cúbica. Esotericamente, se usarmos o avental na sua plenitude, há a protecção dos Chacras Cardíaco (Ar), Solar (Fogo), Sacral (Água) e Raiz (Terra), Ainda, um dos aspectos mais importantes e que ultrapassa os valores da sua dimensão e do material de confecção, é a sua cor.
O branco é intencional. A sua função simbólica é garantir que nenhuma noódoa passe despercebida. Pode estar esgarçado, furado, velho, frouxo, mas jamais tingido pelo negro da ignorância, pelo castanho da descrença, pelo amarelo da soberba ou pelo vermelho da ira.
A alvura deos nossos aventais é a única prova que teremos do nosso não envolvimento em crimes contra a humanidade, contra a sociedade e entre nós mesmos. Sim, O avental é simplesmente de couro branco, por tudo o que foi explicado acima. O que aconteceu é que a vaidade do homem foi tomando conta e os nossos Irmãos do Século XIX começaram a confeccioná-los em pano, pintando e enfeitando os seus aventais a bel prazer. Em lamentável ostentação, chegava-se ao limite de desfilarem pelas ruas com os seus aventais, após as reuniões. Para restaurar a dignidade e a real simbologia do avental, em 1813 houve a padronização pela Grande Loja Unida da Inglaterra.
O avental é símbolo do trabalho. Ele nunca deve ser visto como conquista de status. É comum ouvirmos o chavão “Sou um eterno Aprendiz”, mas nunca vemos um Irmão voltar a usar o verdadeiro avental maçónico.
Em várias outras oportunidades, durante estes quase 300 anos, várias Potências, Obediências, Congressos propuseram-se normatizar as formas e padrões dos aventais. Cada qual chegou a uma conclusão conforme a sua história, conhecimento e vícios. Portanto, não há um consenso universal em tamanho, material e detalhes. Mas, por similaridade, sendo as Luvas Maçónicas objectos de protecção e testemunho do fervor e zelo, além de não diferenciarem conforme cargos e graus, o simbólico Avental do Verdadeiro Maçon é, simplesmente, branco.
Este artigo foi inspirado no livro “As Pedreiras de Salomão”, escrito pelo Irmão León Zeldis Mandel, que na página 141 refere
“… Mais ainda, um retrato gravado de Anthony Sayer, 1º Grão-Mestre da Loja de Londres em 1717, e copiado de um quadro de Joseph Highmore, mostra o Grão-Mestre vestindo um Avental branco liso, carente de toda decoração”.
Adaptado de texto escrito por Sérgio Quirino

O ÁGAPE II .'.

O ágape – acto de amor

Para nós, o termo “amor” é um termo equívoco, ou seja, o mesmo termo é usado para referir-se a uma imensidade de sentimentos distintos. O nosso idioma não os diferencia porque, no fundo das nossas mentes e da Psique colectiva, não lhes dedicamos a devida reflexão. Os antigos gregos, entretanto, já pensavam sobre isto.
Eles vislumbravam quatro tipos diferentes de amor e para cada um deles havia uma palavra específica. Primeiro, havia a palavra éros (ρως), que designava o amor de natureza sexual, o amor do Homem inteiramente sujeito às forças da Natureza, fosse virtuosa ou viciosamente. Outra palavra para este mesmo tipo de amor era hímeros (Ίμερος), também significando o desejo e a paixão sexual.
Em segundo lugar havia o termo storgué (στοργή), que designava o Amor com afeição, aquele tipo de amor que conecta os pais aos filhos. Este tipo de amor é ainda sujeito à Natureza, pois o amor paterno é instintivo, é natural, mas, embora de natureza instintiva, existe nele uma importante diferença de grau: ele é virtuoso, ele expressa a virtude da conexão paterno-filial e é complementado pela boa vontade.
O terceiro tipo era a filia (φιλíα), um tipo mais elevado de amor. É o amor do Homem que escolhe livremente quem ou o que amar. Ele não mais é sujeito à Natureza ou à força dos instintos (seja sexual ou de afecto familiar), mas agora são o seu espírito e a sua mente os únicos determinantes. Os gregos usavam este termo para se referirem à amizade, pois os amigos são escolhidos, e o usavam também para designar o amor que tinham por algo que desejassem estudar ou cuidar, como, por exemplo, o filósofo, aquele que ama a sabedoria, em que o amor pela sabedoria é do tipo descrito pela palavra filia, não pelas palavras éros ou storgué.
Finalmente, o quarto e mais elevado tipo de amor era o agápe (αγάπη), pronunciado assim mesmo, paroxítono, e que deu origem à nossa palavra ágape, tornada proparoxítona por influência da sua latinização. Este termo designa o amor absolutamente incondicional.
Note a gradação dos tipos de amor. Primeiro, o amor que surge por determinação da Natureza, dividido em dois subtipos: éros, o sexual, que indica submissão total e egoísta à Natureza, expressão mais básica da preservação da espécie e, depois, a storgué, que, transcendendo o sexual, se manifesta no afecto familiar, também expressão do instinto de preservação da espécie, mas de uma natureza mais elevada, menos egoísta, transportando o interesse próprio para o interesse da família ou da comunidade. Segundo, o amor já liberto da Natureza, que surge não por determinação dela, mas por decisão própria do Homem, surge voluntária e livremente da sua mente e do seu coração e que, igualmente, se divide em duas subespécies: filia, que é o amor que se escolhe e se devota voluntariamente a alguém ou a algo específico e, por fim, o agápe, o amor incondicional e universal, sem distinção de especificidades.
Muitos, por ignorância, associam o ágape a uma mera refeição entre Irmãos após os trabalhos e destroem a egrégora desse momento transformando os Irmãos em simples comensais de gula e de cerveja, pois não entendem que a alegria que o Maçon deve sentir com a companhia dos seus Irmãos é de uma natureza totalmente distinta da alegria profana que sente num churrasco regado a cerveja. Estes são os que fazem da Maçonaria apenas mais um clube nas suas vidas profanas e não acordaram para a realidade maior da vida espiritual. Os seus corpos estão no Templo, mas as suas mentes estão nos vícios da matéria. Quantas e quantas vezes um Irmão se põe de pé e à ordem para o churrasco ou para a cerveja, mas não auxilia o Irmão que roga a sua presença numa actividade filantrópica?
Quando reclamamos que a Loja tem que estar unida, em vez de propormos uma confraternização no restaurante, que tal propormos uma actividade filantrópica conjunta, uma visita ao hospital, um auxílio ao necessitado? Não é suficiente a companhia física dos Irmãos. É preciso que as suas mentes e vontades estejam coesas e voltadas para um propósito genuinamente louvável. A união na actividade filantrópica une mais os Irmãos do que a embriaguez conjunta, pois quando as nossas mentes estão dominadas pelo vício da embriaguez, da conversa grosseira, da piada sexualizada e desrespeitosa, da gula e de todo tipo de excessos, as nossas mentes se tornam receptáculos poderosos de energia negativa, mas quando, ao contrário, as nossas mentes estão voltadas para o Bem do próximo, comprometidas em realmente fazer feliz a Humanidade e não a si mesmo, recebemos do G∴ A∴ D∴ U∴  influxos de energia inimagináveis.
Não é propósito primordial da Ordem Maçónica a filantropia, mas ajudar os seus membros a dominarem as paixões e fortalecerem as virtudes. Isto, porém, dá-se pela busca do autoconhecimento, da meditação profunda sobre a espiritualidade da Vida e pela prática constante do Bem. A Ordem não nos pede a filantropia, mas conclama-nos a decidir por ela. Todos manifestamos certamente os três primeiros tipos de amor, uns mais intensamente do que outros. Quando, na abertura do Livro da Lei, se lê o Salmo 133 da União Fraternal, o que ouvimos é um chamamento que desperta nos nossos corações e mentes a vontade sincera de sair dos níveis mais instintivos do amor rumo aos níveis mais elevados.
Toda a Loja de Aprendiz remete-nos para este autoconhecimento para, finalmente, exercemos o amor incondicional e universal simbolizado pelo ágape. A Loja de Aprendiz, portanto, é toda a nossa vida, não apenas uma sessão.
Rodrigo Penaloza

O ÁGAPE .'.

O ágape maçónico é parte do ritual

ágapeO  ágape na maçonaria não é uma exclusividade da actual maçonaria especulativa. O ágape é tão antigo quanto as escolas de mistérios no planeta Terra. Engana-se o Maçom que pensa que o ágape foi inventado pela maçonaria e que após as sessões ele faz algo jamais visto no mundo. O ágape sempre fez parte das reuniões entre os Iniciados, inclusive desde a antiguidade.
Entretanto, o modo como o ágape vem sendo conduzido pela actual maçonaria especulativa está cada vez mais distante do verdadeiro sentido do ágape para uma ordem iniciática como a maçonaria. Cada vez mais o ágape vem sendo conduzido como uma mera confraternização entre os irmãos após as sessões. Assim, como no mundo profano, as pessoas se reúnem pelos mais diversos motivos para comer e beber, os maçons têm conduzido o ágape como uma mera reunião de comes e bebes entre amigos, esquecendo-se do carácter sagrado do ágape que deve haver na maçonaria, pois a maçonaria é sagrada e o sagrado deve gerar o sagrado, assim como o profano gera o profano. O ágape na maçonaria não deve ser uma mera confraternização entre irmãos, mas deve ser o que sempre foi para os Iniciados: uma parte do ritual.
Quando uma pessoa recebe um comentário negativo de alguém ela coloca-se numa posição de perfeição negando sumariamente o comentário que recebeu e desqualifica o seu crítico para desqualificar o comentário recebido. A pessoa criticada sequer chega a ponderar sobre o comentário negativo que recebeu para avaliar o quanto aquilo poderia estar correcto. Muita baboseira é dita em relação à maçonaria, mas algumas coisas acabam tendo sentido se considerada a postura como a actual maçonaria especulativa vem conduzindo a maçonaria. Há quem diga que a maçonaria é uma mera reunião de homens que se juntam para comer e beber. Em termos tal afirmação não há de ser desqualificada, considerando que a actual maçonaria especulativa vê o ágape como uma mera confraternização entre os irmãos após as sessões para estreitar os laços fraternos. Se a maçonaria não concorda com a opinião dos que dizem que ela é uma mera reunião de homens que se juntam para comer e beber, a maçonaria deveria avaliar se o seu ágape não se transformou numa mera confraternização com comida e bebida. A transformação da visão externa é de dentro para fora, inclusive a maneira de como o mundo profano vê a maçonaria.
O ágape sempre fez parte dos rituais dos Iniciados. Hoje o acesso a um templo é fácil e cómodo. É possível encontrar lojas maçónicas na esquina, no próprio bairro e a poucos minutos de automóvel. Na antiguidade o caminho até um templo era difícil para muitos. Iniciados faziam verdadeiras peregrinações, até mesmo de meses, para chegar a um templo. Os templos ficavam até mesmo em lugares de difícil acesso físico para que se ocultassem dos olhares profanos. Tudo era mais difícil no plano material. O ágape na antiguidade era também uma forma de satisfazer a necessidade fisiológica de nutrição após todo o esforço físico para participar de um ritual. Pessoas que tinham passado por grandes restrições físicas para chegar ao templo e participar do ritual tinham então o momento para se alimentar e se recompor. O Iniciado, mesmo após todo o esforço físico para participar de um ritual, faminto, diante da oportunidade de saciar a sua fome e sem certezas sobre o seu retorno, se portava de uma forma introspectiva e contemplativa, pois o Iniciado sabe da importância da introspecção e da contemplação. A sabedoria vem pela introspecção e contemplação e não é à toa que o mundo profano trabalha contra isto, inclusive demonizando tais comportamentos.
Pessoas gostam de rezar ou orar antes das suas refeições como uma forma de gratidão a Deus pelo alimento. Mas basta que digam o “amém” para que comecem a comer feito porcos. À mesa gritam, falam alto, deixam a televisão e o aparelho de som ligados da pior maneira possível, falam de assuntos absurdamente tolos, inúteis e abomináveis, atacam verbalmente os outros, presentes ou não, com indirectas ou directas, falam sobre as intimidades das relações sexuais, inclusive sobre a vida sexual dos outros, e tratam o ritual de alimentação como se estivessem defecando no banheiro. É evidente que não adianta agradecer a Deus antes de comer e depois comer com o Diabo, fazendo do ritual de alimentação um banquete no inferno. A “gratidão” a Deus, essa “gratidão” que virou moda falar para tudo quanto é coisa – “gratidão” para cá, “gratidão” para lá -, não se dá por palavras, mas pela conduta. Assim como o que importa em relação ao Amor não são as palavras, mas a conduta. A gratidão a Deus pelo alimento não vem pelas rezas e orações ou por só comer verdurinhas, mas pelo respeito ao acto de se alimentar, alimentando-se conscientemente durante todo o ritual de alimentação, estando consciente do que aquilo representa na Criação.
A maçonaria preza pela fraternidade não apenas entre os irmãos, mas também com as cunhadas e os sobrinhos. Isto é bom, mas a obrigação ritualística deve sempre ser obedecida e estar acima dos interesses pessoais e transitórios. Um dos objectivos do Maçom como iniciado numa ordem iniciática é perpetuar a ordem através da obediência incondicional às leis maçónicas e à ritualística. Da mesma forma que as cunhadas e os sobrinhos não participam das sessões fechadas também não devem participar do ágape, pois o ágape faz parte do ritual. A maçonaria dá às cunhadas e aos sobrinhos incontáveis oportunidades de viverem a fraternidade maçónica, mas esta confraternização não deve ser feita no ágape. A função do ágape não é confraternizar. Quando um homem ingressa na maçonaria, por mais que a ordem inclua a família do Maçom, este é o seu caminho. A evolução espiritual é sempre um caminho individual. Cada um evolui conforme os seus próprios méritos. Todos evoluem individualmente e se a maçonaria é o caminho do Maçom, as cunhadas e os sobrinhos também terão os seus caminhos. O desejo de ser amigo de todo mundo não pode se colocar acima da obediência à ritualística.
Desta forma, entendemos que ao Maçom resulta no seu respeito a Deus e ao modo como Deus faz as coisas; o respeito que vem não pelo medo, mas justamente por viver a harmonia entre amar a Deus, ser amado por Deus e estar sujeito ao seu poder supremo. A alimentação é um dos modos de como Deus faz as coisas. O processo de se alimentar é o sistema que Deus tem para o homem se nutrir e se Deus tem este sistema ele deve ser respeitado. O Iniciado respeita o ágape porque no ágape o homem se alimenta e a alimentação é como Deus faz as coisas. Por isto a alimentação deve ser respeitada e ser feita com consciência, na introspecção e contemplação natural que acompanham todo Iniciado. Em todo o processo da alimentação o Iniciado deve estar ciente de que este é o modo como Deus faz as coisas e respeitar este acto é respeitar o próprio Deus. Os Iniciados da antiguidade realizavam o ágape como parte do ritual pela consciência da importância da alimentação por ser a alimentação o modo como Deus faz as coisas, não para confraternizar. Os Iniciados tinham tanta consciência do sagrado que tornavam tudo sagrado, inclusive o acto de se alimentar. O Iniciado consagra, o profano profana. O ágape deve ser consagrado, não profanado.
O ágape não é uma mera confraternização de pessoas que se reúnem para comer e beber bem, mas é parte do ritual. Sendo parte do ritual, o ágape deve ser conduzido e respeitado como tal, assim como se conduz e se respeita o ritual dentro do templo. No seu âmbito de estreitar os laços da fraternidade o ágape não é um fim, é um meio. Os maçons não devem ter o ágape para comemorar a fraternidade, mas para estreitar os laços que os levarão às coisas maiores em favor da humanidade. A informalidade do ágape abre portas que não poderiam ser abertas no ritual, mas as portas são muitas e cabe a cada Maçom escolher qual porta quer abrir, já que as chaves lhe serão dadas. Há os que consideram a maçonaria como uma associação de homens de negócios que se reúnem com o intuito de estreitar as relações comerciais e utilizam o ágape para estreitar tais relações, vendo o ágape como a oportunidade para conversar sobre negócios e ganhar dinheiro. É na liberdade da informalidade do ágape que cada Maçom irá externalizar o que verdadeiramente espera da maçonaria. A última ceia de Jesus Cristo foi um ágape e aqueles que Jesus expulsou do templo foram aqueles que queriam aproveitar-se das escolas de mistérios para enriquecer.
Adaptado de Autor desconhecido

Venerável MESTRE .'.

A escolha do Venerável Mestre

A escolha do Venerável Mestre para presidir e dirigir os destinos de uma Loja Maçónica deve recair, sempre que possível sobre um Irmão com experiência, adquirida e demonstrada através do exercício de, no mínimo, três cargos, preferencialmente: Mestre de Cerimónia, Secretário e Vigilante.
A Legislação Maçónica actual não faz esta exigência, mas a aceitação da recomendação acima é imprescindível para que a Loja alcance o sucesso desejado e os Irmãos, o progresso harmonioso na Maçonaria.
O Venerável Mestre de uma Loja Maçónica não precisa de ser perfeito, mas, não pode ser medíocre. Ele não precisa de ser Grau 33, basta ser Mestre Maçon. Não precisa ser diferente, mas é muito importante que ele seja um líder nato, sem jamais tentar impor a sua vontade.
Não precisa ter grande cultura profana, mas que seja tolerante e que tenha a clara noção do seu limite.
Precisa gostar de aprender e ter imensa vocação para ensinar, principalmente através dos seus bons exemplos.
Não precisa ser eloquente tribuno, mas deve falar calar e agir correctamente e nos momentos certos.
Precisa saber sorrir e não ter pudor de chorar pela infelicidade e a dor alheia. Deve conhecer e reconhecer as suas limitações e fazer de tudo para as superar.
Um Venerável Mestre não pode ser infiel, vazio e muito menos libertino, porém, deve prezar a liberdade com responsabilidade. Deve gozar a vida com moderação e sem ostentações. Deve ter infinita crença no Grande Arquitecto do Universo, que é Deus, devoção à pátria e imenso amor à família, aos Irmãos e à humanidade.
O Venerável Mestre precisa ter disposição indomável para combater sem tréguas o vício, a corrupção, o crime, a intolerância e as suas próprias ambições pessoais. Ele deve ser, sempre que necessário encontrado ao lado dos enfermos, fracos e famintos de pão e de justiça. Deve respeitar o seu próximo independentemente de cor, posição social, credo ou idealismo político, bem como à natureza e aos animais.
Precisamos de um Venerável Mestre que saiba amparar e ouvir os seus Irmãos, guardando como segredo de confissão as suas fraquezas e enaltecendo, para todos, as suas virtudes. Precisa de gostar da filosofia maçónica, conhecer profundamente a sua liturgia e Ritualística, combatendo o obscurantismo, a intolerância, o fanatismo, as superstições, os preconceitos, os erros, as más lendas e invencionices maçónicas.
Um Venerável Mestre deve respeitar a soberana decisão da Loja, bem como a dos Altos Corpos Maçónicos.
Precisamos de um Venerável Mestre que esteja despido de todas as vaidades. Que seja uma ponte de união entre as Lojas, um verdadeiro Maçon e nunca um espinho de discórdia. Pode já ter sido enganado, mas, não pode nunca ter enganado. Deve saber perdoar e saber pedir perdão.
Um Venerável Mestre não precisa ser financeiramente rico, mas, não pode ser espiritualmente pobre. Precisa ser puro de sentimentos e deve ter como grande ideal de vida os Princípios da Maçonaria. Deve prestar auxílio e socorro aos Irmãos da sua Loja que o procurar, bem como tratar com o mesmo zelo e atenção aos Irmãos visitantes que a si se dirigirem, a fim de que estes se sintam como se estivessem nas suas próprias Lojas.
Precisamos de um Venerável Mestre que incentive a presença e o trabalho beneficente/ filantrópico das Cunhadas e Sobrinhas, sempre que possível, através da Fraternidade Feminina. Que se preocupe com a educação Profana e Maçónica dos Sobrinhos de hoje que deverão ser os Maçons de amanhã.
Procuramos um Venerável Mestre que não dê valor a paramentos luxuosos. Que goste mais de encargos do que de cargos e pompas a ele impostos; que desempenhe com abnegação e fidelidade todos os encargos, pois todos são nobres. Que no término do seu mandato prefira ser um simples colaborador em vez de Venerável de Honra. Que eleito pela primeira vez, admita a sua reeleição, porém, que não tenha a sede de se perpetuar no poder.
Precisamos de um Venerável que, imitando o apóstolo Pedro, seja e ensine aos seus Irmãos, serem pescadores de homens de bem no mundo Profano, isto é, homens livres e de bons costumes.
Precisamos de um Venerável que, goste de ser chamado de Irmão e que realmente sinta no seu coração toda a vibração e plenitude do que é ser um verdadeiro Maçon, líder e justo em toda a sua dimensão.
Precisamos de um Venerável que não viva preso somente ao passado, aos Landmarks e a História da Maçonaria, mas, que escreva as mais belas páginas da Maçonaria no presente, que é a porta aberta para o nosso futuro, posto que estejam numa Nova Era.
Finalmente, precisamos de um Venerável que seja verdadeiro exemplo de conduta na Loja e fora dela, que nos abrace fraternalmente por Três Vezes Três, sorrindo ou enxugando as nossas lágrimas para termos a inabalável certeza de que a Maçonaria é realmente fraterna e iluminada, que eleva o homem da Pedra Bruta à presença do Grande Arquitecto do Universo.
Não nos esqueçamos que há sempre tempo para mudar.
Adaptado de Aildo Virgínio Carolino

segunda-feira, 20 de maio de 2019

LIBERDADE .'. IGUALDADE.'. FRATERNIDADE .'.

Liberté – Égalité – Fraternité

Se mergulharmos em busca de respostas no mais profundo do âmago das nossas dúvidas, dos nossos anseios, da justificação ou da razão principal que nos move e nos expõe ao mais extremo calvário, quase diário, nesta efémera passagem terrena, certamente que o Norte indicar-nos-á que o imaginário Elo Perdido se chama Felicidade.
Antes de 1789 – Século XVIII (Revolução Francesa), com o iluminismo centrado por uma constelação que exibia estrelas como: Jean-Jacques Rousseau, Beethoven, Mozart, Voltaire, Goethe, Montesquieu entre outros, o homem não despertara a ideia de onde veio, para onde vai e principalmente qual é o seu verdadeiro papel no contexto geral. Foram exactamente eles e as suas ideias, literalmente iluminadas, que proporcionaram a ascensão de outras faixas ou segmentos de pensadores, libertando-os das amarras que os impediam de reflectir também sobre a possibilidade de se encontrar a tal Felicidade. Esta sensação começa a ressurgir entre as chamadas classes inferiores nas camadas sociais com a descoberta de que a felicidade poderia ser concreta e possível, individualmente.
A partir daí, iniciado o processo de produção de bens e serviços, o homem é chamado a integrá-lo e como consequência instaurou-se também a ideia de que a Felicidade estava a ser descoberta na medida em que o “ter” ou a participação em tudo o que se produzia, não seria mais um exclusivo de uma minoria. Inaugura-se também o romper do imperialismo religioso, no qual toda a obediência emanava de dogmas impositivos que condicionavam inclusive a obscura Felicidade, à rigorosa obediência. Sem nos imiscuir-mos na polémica paternidade da trilogia Liberdade, Igualdade e Fraternidade: se foi a Revolução Francesa que a tirou da Maçonaria, ou se esta a teria adoptado dos pensadores iluminados, o certo é que esta tríade sempre foi Lema implícito e natural para a conduta daqueles que se iniciam na Arte Real, muito antes do século XVIII.
A LIBERDADE, na sua concepção mais pura e como definida por vários filósofos contemporâneos é a mais radical definição de autonomia ou de não submissão; é a força que dá ao ser humano o pleno discernimento e a sublime independência. Na concepção maçónica, a sua aplicação não foge às suas características na medida em que, em homenagem ao seu reconhecimento não se pode eleger interesses individuais ou particulares e também não se pode esquecer as regras básicas do pleno respeito pelas normas de conduta elementares, como a ética, evitando corroer as colunas centrais que norteiam os princípios que nos são transmitidos pela maçonaria.
A IGUALDADE, no seio maçónico, traduz-nos a ideia de uma relação directa com os direitos fundamentais do cidadão e com a dignidade da pessoa humana, tendo como âmbito, o sentido de justiça, em estreita cumplicidade com os cânones do humanismo.
A FRATERNIDADE ao mesmo tempo que fecha a trilogia, destaca-se como a mais pura das concepções. Mmbora muitos a confundam com caridade, a sua relação com estes gestos são infinitamente superiores, sim porque a caridade invariavelmente é praticada visando alguma contrapartida e a FRATERNIDADE, entendida no contexto do tripé maçónico exige espontaneidade e deve reflectir um estado espiritual sem qualquer expectativa de recompensa, imediata ou futura.
A FRATERNIDADE tem uma autonomia e um alcance muito para além do que podemos imaginar. Contudo, os seus instrumentos podem ser os mais simples e imediatos, a ponto de estarem quotidianamente à disposição de qualquer um irmão; basta o despojar do egoísmo e do individualismo. Uma palavra, um gesto, uma visita, um afago, uma ligação telefónica, uma mensagem electrónica, UM ABRAÇO apertado ou leve, mas sincero e que faça efectivamente com que os corações sintam o bater um do outro.
Pois bem, trata-se da tal FELICIDADE, que a revolução francesa e os iluministas teriam despertados no ser humano, através da possibilidade de fazerem e serem parte no processo produtivo, bem como nos seus resultados.
Antes disto, a Ordem Maçónica já tinha como lema central das suas colunas a tríade Liberdade Igualdade e Fraternidade. Nos dias actuais, alguns séculos após, nós maçons, ou pelo menos os que buscam sê-lo, continuamos sob a égide do mesmo lema maçónico, convictos, porém do contra senso da máxima que norteia a filosofia de muitos políticos do mundo profano que ainda acreditam que o povo só precisa de Circo e Pão, para chegarmos à conclusão de que a Tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade são o leme que nos conduz como verdadeiros maçons.
Adaptado de texto de Fernando A. V.

A MAÇONARIA é uma perda de tempo .'. leia até o fim .'. TFA.'.

A Maçonaria é uma perda de tempo

perda de tempoDeixe-me começar por repetir esta afirmação categórica. Caro leitor, a Maçonaria é uma perda de tempo. Mas espere um momento antes de pressionar a tecla Delete. Antes de fazer isso, convido-o a considerar o significado do que acabei de escrever.
O que significa perder tempo? À primeira vista, parece ser uma proposta simples. O que acha?
Para não estender este pequeno ensaio, proponho uma definição possível: perder tempo é gastá-lo fazendo algo inútil ou não fazer nada. Por outras palavras, matar o tempo. William James, o psicólogo, disse que matar o tempo não é assassinato, mas um suicídio.
Voltando à definição que acabei de propor, evidentemente a segunda possibilidade não se aplica a nós. Estamos a fazer alguma coisa, embora não tenha a certeza, mas não estamos a acumular poeira. A primeira possibilidade é, então, a única que nos é aplicável: estamos a fazer algo… inútil.
Mas então surge outra questão. O que significa “inútil”? Ou, por outras palavras, quando é que uma actividade é útil?
Aqui estamos a entrar no campo minado da filosofia. Mas não tema – não seguirei o conselho de Bertrand Russell, que escreveu que, para um filósofo, ser inteligível é suicídio.
Mencionei o suicídio e, como não incentivamos a auto-imolação, devemos tentar decidir de imediato o que é útil e, para começar, vamos dar olhar para a doutrina que considera a utilidade como a base de toda a filosofia: o Utilitarismo.
Vejamos o que um dicionário de filosofia diz sobre o Utilitarismo:
O Utilitarismo é a doutrina que mantém a primazia do valor da utilidade acima de todos os outros valores ou que até sustenta que apenas é um valor apropriado“. Ou seja, não há nada valioso se não for útil”.
Mais tarde, o dicionário explica que, basicamente, o utilitarismo sustenta que tudo na natureza é, ou vantajoso ou prejudicial.
O filósofo inglês Jeremy Bentham fez uma habilidade e substituiu Prazer por Utilidade. Ou seja, útil é o que nos dá prazer ou evita a dor. O seu seguidor John Stuart Mill, outro inglês, talvez o mais famoso no campo utilitarista, afirma que existem vários graus de prazer e chega à conclusão de que os prazeres intelectuais e afectivos são superiores aos físicos. O prazer de ouvir boa música ou encontrar a resposta para um problema, diz ele, é mais alto do que comer uma iguaria ou levar para a cama uma jovem. Não vou continuar com esta linha de pensamento, mas acredito que Mill escreveu isto quando tinha 55 anos, o que no seu tempo era uma idade avançada, quando aventuras amorosas talvez já excedessem as suas capacidades.
Tudo isto é bastante abstracto. Vamos descer à terra. Quando dizemos que algo é útil para nós, isso significa que ganhamos alguma coisa com isso. O lucro pode ser material, como ganhar mais, por exemplo, ou tomar um remédio para melhorar, ou pode ser irrelevante, como ter bons amigos.
A partir dessa perspectiva, vamos ver se é útil vir à Loja, sentar-se para ouvir uma palestra, fazer uma cerimónia, colocar algumas moedas na bolsa da caridade, comer uma refeição menos que sumptuosa e voltar para casa.
Onde é que está o lucro nisto tudo?
Em Loja não ganhamos dinheiro, não fazemos negócios, nem nos aproveitamos uns dos outros e, eu ouso dizer, sentar um par de horas em cadeiras duras não proporciona grande prazer.
Não seria mais agradável permanecer confortavelmente sentado na poltrona em frente à Televisão ou ao computador, tomar uma bebida, ouvir boa música, ler uma história de detectives ou algo mais sério?
Isto, seria sem dúvida agradável, isto é, útil.
No entanto, acho que começamos a discernir sinais de que nem tudo está perdido.
Vamos ver. Qual é o objectivo declarado da nossa instituição? A Maçonaria – dizemos – pretende ter homens bons e torná-los melhores, e através deles eles melhorar a sociedade humana para alcançar o ideal de uma humanidade sábia, ilustrada e tolerante, onde a fraternidade se torne o vínculo universal entre todos os seres humanos.
Estes objectivos são úteis? Devemos supor que são, mesmo que sejam inatingíveis num determinado momento ou num determinado ambiente.
Aqui, vamos voltar ao assunto do Utilitarismo. Não pode haver dúvida de que o ódio, a guerra, os conflitos, o terrorismo não podem dar prazer. Apenas mentes doentes podem encontrar satisfação em assassinar crianças. As pessoas normais não se divertem com a dor dos outros. Consequentemente, tudo o que leva a suavizar os pontos difíceis entre as pessoas, isto é, aumentar a fraternidade, deve ser positivo e útil.
Eu estou a contradizer a minha afirmação inicial. Perigoso. Mas vamos seguir em frente.
Vamos examinar algumas outras actividades da vida quotidiana. Por exemplo, é útil ir ao estádio para assistir a um jogo de futebol? Não só não nos dá lucro material – não ganhamos nada – mas pelo contrário, temos de pagar a entrada. Qual é o lucro nisso? Algo imaterial: o prazer de ver a nossa equipa vencer, ou a oportunidade de mandar o outro para o inferno se ele vencer.
Lembrem-se de que, quando ganhamos, é porque merecemos, mas se o outro lado vencer, foi por pura sorte.
Vamos ver outras actividades. Ler um bom livro ou assistir à televisão, até que ponto é útil? Temos de concluir que sim, apenas na medida em que nos dão prazer, satisfação, o que significa que estamos a confirmar a proposta de Bentham que mencionei anteriormente.
Mas se é assim, há uma série de actividades comparáveis, como ir ao cinema, ao teatro, à ópera, a um concerto, às compras, à igreja ou, finalmente, ao cemitério. Alguém disse que assistiu aos funerais de todos os seus amigos; caso contrário, eles não viriam ao seu.
Em todas estas ocasiões que acabei de mencionar, podemos afirmar que estamos a perder tempo, a menos que aceitemos a equivalência entre útil e agradável.
Contudo, há acções, como atar um nó, ir ao barbeiro, engraxar os sapatos, o que, mesmo sob esta perspectiva, não podem ser consideradas úteis. Não há obrigação moral de cortar o cabelo, e não acredito que dê prazer. No entanto, nós fazemo-lo, perdendo tempo.
O tempo, queridos irmãos, é o único bem insubstituível; e ainda assim, gastamo-lo dia a dia, hora após hora, e minuto a minuto.
Voltemos para a Loja. Provavelmente, já percebeu que o meu argumento tem uma falha básica, uma lacuna crucial. Eu tenho falado o tempo todo do ponto de vista do indivíduo, e ignorei, por enquanto, o resto do mundo, a família, o ambiente humano em que vivemos, a sociedade ao qual pertencemos.
Ampliando o âmbito, fazendo “zoom out”, o problema torna-se mais complicado; alguns actos podem não ser úteis para o indivíduo, mas são para a comunidade. Um exemplo simples é o do soldado que arrisca a vida para proteger o país. Não há prazer em patrulhar a fronteira ou sentar-se dentro de um tanque, e ainda assim, nós fazemo-lo, porque é útil para o país, e o país inclui a nossa família, e a família inclui-nos a nós. Então aqui temos um exemplo de algo útil que não dá prazer.
Ainda na nossa Loja, eu pergunto-me se realizar bem uma cerimónia, uma iniciação, por exemplo, dá prazer. Eu acredito que sim. É o mesmo prazer de cumprir bem um dever, de realizar uma tarefa bem feita. É o mesmo prazer do artista que completa o seu trabalho, do músico que está satisfeito por ter tocado perfeitamente.
Mas há mais. Nós lemos artigos – não este, é claro – e aprendemos algo. Um filósofo disse que quando a mente se amplia para incluir uma nova ideia, ela nunca volta ao seu tamanho anterior. Ampliando o nosso horizonte mental, podemos tocar a borda do desconhecido. Isto é filosofia, meus irmãos; como Bertrand Russell disse, a ciência é o que se conhece; filosofia é o que não se conhece.
Se considerarmos apenas a riqueza material, na Maçonaria estamos realmente a perder tempo, mas se lidarmos com a riqueza mental, ouso dizer, a riqueza espiritual, então estamos de facto a ficar ricos. Rico em ideias, em amigos, em oportunidades de contribuir para o bem-estar da sociedade e para o progresso do nosso país. Então confesso que estava enganado no título do meu trabalho. Talvez tenha sido intencional.
Cheguei ao final do meu texto. Alguém disse que, se não se puder dizer o que quer dizer em vinte minutos, é melhor escrever um livro.
A mensagem que queria transmitir com este artigo é muito simples: se perdemos tempo na Maçonaria ou não, depende apenas de nós. Vamos todos e cada um de nós, fazer tudo o que for necessário para que nunca sintamos que desperdiçamos o nosso tempo.
Leon Zeldis
Tradução de António Jorge